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América Latina se tornou um mercado atraente para investimentos em infraestrutura e transporte urbano sustentável
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Reformas políticas e inovação podem liberar trilhões de dólares para o financiamento de iniciativas verdes em mercados emergentes
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Relatório aponta sete setores de grande potencial para atrair investimentos privados
Washington, D.C., novembro de 2017
— De acordo com novo relatório preparado pela IFC, membro do Grupo do Banco Mundial, os países em desenvolvimento poderão atingir as metas acordadas na Convenção de Paris ao catalisarem trilhões de dólares em investimentos privados, por meio da combinação de reformas políticas inteligentes e modelos de negócios inovadores.
O relatório, intitulado
Creating Markets for Climate Business
(ou Criando Mercados para Negócios do Clima, em tradução livre), identifica sete setores que podem fazer a diferença na catalisação dos investimentos privados: energia renovável, armazenamento de energia elétrica e solar independente, agronegócios, construções verdes, transporte urbano, água e gestão de resíduos urbanos. Atualmente, mais de um trilhão de dólares já estão sendo direcionados a investimentos relacionados ao clima nessas áreas. Mas, de acordo com o relatório, seria possível atrair muito mais por meio da criação de condições de negócios adequadas nos mercados emergentes.
Para
Philippe Le Houérou, CEO da IFC
, “O setor privado tem a chave para combater as mudanças climáticas. O setor privado tem a inovação, o financiamento e as ferramentas. Podemos ajudar a abrir ainda mais investimentos do setor privado, mas isso também demanda reformas públicas e modelos de negócios inovadores que, juntos, podem criar novos mercados e atrair os investimentos necessários. Isso poderá fazer com que se cumpra a promessa de Paris. ”
Com 80% de sua população vivendo em cidades, a região da América Latina e do Caribe é a mais urbanizada do mundo. É de suma importância prestar atenção à forma como as suas cidades crescerão. Cinco dos maiores países da região – Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru – estão liderando os esforços de desenvolvimento sustentável em setores como o de energia renovável, infraestrutura urbana verde e eficiência energética, bem como em cidades ‘inteligentes’ (ou
smart cities
).
Ao introduzirem competitividade nos mercados de energia, Chile e Brasil passaram a ficar entre os 10 maiores mercados de energia renovável do mundo. A Costa Rica pretende ser a primeira economia neutra na emissão de carbono do mundo até 2012, com 100% de energia renovável até 2030. Neste interim, os investimentos anuais em tecnologias de armazenamento de energia na região devem chegar a 2 bilhões de dólares até 2025.
O setor da construção está entre os principais emissores de gases de efeito estufa. De 1999 a 2014, as emissões decorrentes do setor aumentaram em quase 65% na região da América Latina e Caribe. Estima-se que o mercado de construções verdes da região concentre 80 bilhões de dólares em oportunidades de crescimento até 2025. Países, como a Colômbia, Costa Rica, México e Peru, recentemente adotaram códigos de construção verde. Os novos edifícios construídos nesses países devem reduzir de 10
a 45 por cento o seu consumo de energia e água.
A região da América Latina e Caribe também passou a ser um mercado atraente para investimentos em transporte urbano e infraestrutura inteligentes para o clima, e deve movimentar mais de um trilhão de dólares em investimentos até 2030. A América Latina está liderando a implantação de sistemas de Transporte Rápido por Ônibus (BRT). Entre os principais exemplos, estão os sistemas de Curitiba, no Brasil, e de Buenos Aires, na Argentina. Buenos Aires, responsável por quase metade do PIB argentino e cujo sistema transporta seis milhões de passageiros por dia útil, recentemente deu início a um projeto de transporte ambicioso de 400 milhões de dólares para melhorar a conectividade urbana, diminuir o trânsito e a poluição, por meio do uso reduzido de carros. Com 80% de sua população vivendo em cidades, a urbanização da América Latina também está capitaneando a demanda por soluções inteligentes para o clima na gestão da água e de resíduos urbanos na região.
À medida que os países mobilizam capital para mitigar as mudanças climáticas e financiar a infraestrutura verde, o mercado de títulos verdes (os chamados
green bonds
) também cresce rapidamente. No ano fiscal de 2017, a IFC emitiu 19 títulos verdes em seis moedas. Na América Latina e no Caribe, os recursos vindos dos IFC Green Bonds resultaram no investimento de USD 534 milhões em projetos no ano passado. A América Latina lidera as demais regiões nos investimentos em
green bonds
da IFC.
A IFC também financiou os esforços pioneiros feitos pelo setor bancário colombiano para criar novos instrumentos de expansão do financiamento ligado ao clima. Dois dos maiores bancos do país, o Bancolombia e o Davivienda, tornaram-se as primeiras instituições privadas da América Latina a emitir green bonds, os quais foram totalmente adquiridos pela IFC. Os recursos – equivalentes a cerca de USD 265 milhões – serão usados para financiar projetos inteligentes para o clima no país, um exemplo que poderá incentivar outras instituições financeiras na região a realizar emissões semelhantes.
O relatório inclui referências a oportunidades específicas de investimento, incluindo:
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Os investimentos em energias renováveis poderiam chegar a USD 11 trilhões (valor acumulado) até
2040
— reformas, tais como a realização de leilões de energia renovável, reformas fundiárias e políticas de armazenamento de energia, poderiam tornar esses investimentos possíveis.
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Os investimentos em armazenamento de energia elétrica e solar poderiam chegar a USD 23 bilhões por ano até 2025
—se os países usassem tarifas diferenciadas, padrões técnicos e de segurança claros, e incentivos financeiros direcionados, além de oferecer apoio aos novos modelos de negócios de energia solar comunitária, como o Pay-as-You-Go, e soluções inovadoras de financiamento, como a securitização de ativos.
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Trilhões de dólares em investimentos no agronegócio podem se tornar mais verdes
— se os governos garantirem direitos de propriedade, infraestrutura sólida de transporte, assim como regulamentação e políticas fiscais que incentivem investimentos climaticamente inteligentes, ao mesmo tempo em que promovem melhorias nas práticas de treinamento para agricultores e usam a inovação financeira para garantir capital de giro na agricultura.
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Os investimentos em construções verdes podem chegar a USD 3,4 milhões (valor acumulado) até 2025, como mercados emergentes relevantes
—se os países aprimorarem seus códigos e diretrizes de construção e criarem incentivos financeiros direcionados, como certificação de edifícios verdes e
benchmarkin
g obrigatório do uso de energia. Outras reformas importantes também devem incentivar novos modelos de negócios de
utilities
, como hipotecas verdes e empresas de serviços de energia.
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Trilhões de dólares em investimentos em transporte urbano sustentável podem ser mobilizados na próxima década
— se os governos promoverem ações que viabilizem investimentos em infraestrutura e adotarem planos municipais de transporte que fomentem inovações, tais como veículos leves sobre trilhos.
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Os investimentos no abastecimento de água e saneamento devem ultrapassar USD 13 trilhões (valor acumulado) até 2030
— para tanto, os governos precisariam estabelecer a precificação da água em níveis praticáveis e sustentáveis para aumentar a credibilidade das
utilities
, ao estabelecer parcerias público-privadas e adotar contratos com base no desempenho.
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Os investimentos na gestão inteligente para o clima da água e de resíduos urbanos podem chegar a USD 2 trilhões
— se as cidades trabalharem para atrair a participação do setor privado, por meio do aprimoramento das estruturas regulatórias e de cumprimento das leis, usando incentivos fiscais e mecanismos de recuperação de custos, tais como contratos de oferta padrão (
feed-in tariffs
), e estimulando a conscientização dos consumidores em relação ao comportamento de consumo.
Abordar as questões ligadas à mudança climática está entre as prioridades estratégicas da IFC. Desde 2005, a IFC já investiu USD 18,3 bilhões de recursos próprios em financiamentos de longo prazo para projetos climaticamente inteligentes, além de ter mobilizado mais de USD 11 bilhões por meio de outros investidores. O relatório mais recente é a continuação do documento intitulado
Climate Investment Opportunities
(ou Oportunidades de Investimentos Decorrentes das Mudanças Climáticas, em tradução livre), publicado no ano passado, segundo o qual a Convenção de Paris poderá gerar USD 23 trilhões em oportunidades de investimento em 21 países de mercado emergente. Isso inclui USD 338 bilhões na Argentina, USD 1,3 trilhão no Brasil, USD 195 bilhões na Colômbia e USD 791 bilhões no México.
No Brasil, nos últimos três anos, a IFC investiu quase USD 1 bilhão em projetos ligados à mitigação de mudanças climáticas. Como exemplo, investimos em projetos de energia renovável no setor de agronegócios, incluindo os das empresas CerradinhoBio e São Martinho, investimos na setor de florestas, na Companhia Vale do Araguaia, além do financiamento a instituições financeiras, como os bancos ABC e Itaú-Unibanco, que, por meio do financiamento a projetos climaticamente inteligentes de pequenas e médias empresas, ajudam a expandir o alcance das nossas iniciativas ligadas ao clima.
Para acessar o relatório, clique
aqui
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Sobre a IFC
A IFC, membro do Grupo Banco Mundial, é a maior instituição de desenvolvimento do mundo voltada para o setor privado em mercados emergentes. Trabalhando com mais de 2.000 empresas em todo o mundo, usamos nosso capital, expertise e influência para criar mercados e oportunidades nas áreas mais difíceis do mundo. No exercício fiscal de 2017, nossos investimentos de longo prazo nos países em desenvolvimento atingiram um valor recorde de USD 19,3 bilhões, alavancando a força do setor privado para ajudar a colocar fim à miséria e estimular a prosperidade compartilhada. Para mais informações, visite
www.ifc.org
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